MARIO NUNES GRANDE IMPRESSIONISTA BRASILEIRO
SUA EPOCA E SUAS OBRAS
Um grande mestre da pintura de paisagem, um pernambucano que honra a nossa arte. O mestre teve a sua infância foi no bairro de Apipucos - Recife. Contava ele que seu avô foi o maior incentivador da sua pintura, ele era agente dos correios e no final de semana ficava passeando com ele nos arredores de sua casa vendo a paisagem, que ficava perto das margens do rio Capibaribe. Falava ele que um dia, achou vários pedaços de madeira e com o resto de carvão do fogão, resolveu rabiscar sobre essas madeiras. O seu avó ao chegar viu que ele, na época com oito anos de idade, tinha feito vários desenhos sobre os restos de compensado que ele encontrou nos entulhos da casa. Seu avo começou a olhar com muita calma e sentou com ele no batente da escada, e disse: menino você parece que vai ser um artista. O seu avô sentiu que ele tinha muito interesse em desenhar, então comprou papéis e lápis para ele ficar fazendo os seus desenhos. O Mario Nunes passava muito tempo desenhando, e seu avó ia ficando satisfeito com seus desenhos. Aos doze anos, o sei avô comprou algumas tintas pra colorir o que tinha desenhado. Contou ele que, os desenhos eram diversos, ele gostava de olhar os animais, as árvores e tudo que havia por ali. Já aos catorze anos ele já pintava a natureza com facilidade, o seu avó era o seu crítico. Os vizinhos lhe compravam algumas pinturas, ele nunca parou de pintar por Apipucos e Dois Irmãos.
O seu começo foi exclusivamente autodidata, e logo que já tinha uma boa segurança na sua pintura, depois dos 18 anos, foi indicado a conhecer o atelier do famoso artista pernambucano o mestre Telles Junior. O fato o ajudou a conhecer outros artistas, como Baltazar da Câmara, Bibiano Silva e outros. Já com algumas orientações de Telles Junior, mas mantendo o seu estilo próprio, ele começava ficar aos poucos conhecido. Com o tempo conheceu o Murillo Lá Greca, que se aproximou do grupo. Junto ao grupo resolver passar um tempo na Academia Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. O Murillo tinha uma maneira de ser diferente, se vestia muito bem como dizia o mestre Mário, era de família Italiana mas nasceu em Palmares - Pernanbuco.
O Mestre Mário Nunes, ambientou-se muito bem com vários artistas no Rio de Janeiro. Fez amizades com muitos artistas daquela época, primeiras décadas do século passado, como Pedro Bruno, Antônio Parreiras, Eliseu Visconti, etc. Ele contava muitas histórias sobre esses artistas, inclusive que conviviam muito bem entre eles. Falava que havia muito respeito em relação a obra de cada um. Havia muita harmonia no meio artístico, ele ficou muito entusiasmado com a importância de uma Academia de Bellas Artes e falava para Bibiano Silva, Baltazar da Camara e Murillo Lá Greca que Recife deveria ter uma escola de BELAS ARTES, apesar de que a tentativa de Telles Júnior não tenha dado certo. O Murillo Lá Greca viaja para a Itália, onde ficou na Academia do Nu de Roma. Baltazar também esteve na Itália na Academia de Roma.
O Mario Nunes, com sua alegria manteve os bons contatos com os impressioniatas no Rio de Janeiro, se aproximou muito de Antônio Parreiras que gostava muito de sua pintura. O Mario falava que seu impressionismo tinha uma sintonia com as pinturas de Antônio Parreiras, e que ele defendia o IMPRESSIONISMO BRASILEIRO. Ao voltar a Recife um tempo depois voltaram a se reunir o grupo, Mario, Baltazar, Bibiano e Murillo. Cada um já tinha o seu atelier próprio.
Após a guerra, passados vários anos, ele junto com Baltazar descobriram que poderiam ir a Paris, solicitando duas passagens de ida e volta em navio cargueiro. Na época a empresa era a Lloyd Brasileiro, grande empresa naval na época. E partiram para a Europa, parando primeiro em Portugal e foram para Paris, entrar em contato com a arte Europeia.
Mario e Baltazar, pintaram muito em Paris. Falava que foram ao Molling Rouge, para sentir os sabor dos shows que tanto via Lautrec. Passado um tempo, voltaram ao Brasil, para a grande caminhada da pintura. Mario Nunes era muito amigo do teatrologo Waldemar de Oliveira, e desta forma começou a fazer cenários no Teatro Santa Isabel. Sua obra de cenografia era empolgante pelas cores e a sensação de profundidade que dava ao cenário. Mario ficou famoso em Recife também como Cenógrafo, e o seu amigo Elizeu Visconti também fez o mesmo no Rio de Janeiro. Mario Nunes ainda tinha um grande sonho, que era ver em Recife uma Academia de Belas Artes.
Mas também partilhavam deste sonho, os mestres Baltazar da Camara, Bibiano Silva e Murillo Lá Greca. Foi então que em 1932, Mario Nunes, Bibiano, Murillo e alguns outros, se reuniram em seu atelier, para dar início ao livro de ata de fundação da Escola de Belas Artes do Recife. Um trabalho espetacular, tornou-se umas das melhores escolas de artes do Brasil, que durou até 1978. Quando um grupo de comunistas liderado por Paulo Freire, Ana Mai Barbosa e alguns professores da Faculdade de Educação da UFPE, sob amparo do partido comunista, que estava vivo dentro do MEC, resolveram testar a ideias de invadir os cursos de Arte das Universidades Brasileiras, para ampliar a área de educação, porque a maioria dos comunistas na época estavam nestas área acadêmica. O mal foi feito e hoje Pernanbuco não tem mais o sonho do Grande Mario Nunes. Deram fim nossa Escola de Belas.
Mario Nunes foi um dos maiores impressionistas brasileiros, respeitado por muitos, Antônio Parreiras, Visconti, Pedro Alexandrino, Pedro Bruno, Bernadete e outros. A sua obra era uma vida entregue em cada quadro, uma sutileza da cor para mim, mais forte do que Cézanne, Renoir, Pissarro, Manet e outros. Quando pintava adorava assobiar baixinho, eu e os colegas da Escola de Belas Artes, dizíamos que era um mantra que ele fazia para se concentrar. O artista alemão Enric Mozer, que ensinava na Academia de Belas Artes de Recife, adorava a naturalidade de Mario Nunes quando ainda ensinava ali. O Italiano Severi, também professor na época dizia que Mario tinha uma grande poesia na sua Paisagem
O grande pintor Pernambucano Mario Nunes, manteve a maior parte de suas obras em Pernambuco, mas grandes colecionadores do Rio de Janeiro e São Paulo sabem do valor do seu trabalho. Ele está entre os melhores impressionistas do mundo e no Brasil eu o considero o melhor, claro respeitando os grandes de antes e durante a sua época.
A obra de Mario Nunes sempre foi uma preciosidade na arte brasileira, considero esse grande mestre o topo da grande arte brasileira. Apenas faço, questão de salientar, a triste cobiça em copiar o mestre. Está existindo no Brasil uma grande quantidade de falsificações de sua obra, que em qualidade não chega nem a unha do pé. Esta amaldiçoada atitude que invade o patrimônio artístico brasileiro, tem que ser denunciada. (Fernando Lucio)